Íntegra do workshop de Ilona Becskeházy
Slides podem ser baixados gratuitamente no final da página.

Elaborar currículo não é bem uma arte. É uma atividade de planejamento escolar estratégico que exige enorme disciplina mental e conhecimento de referências teóricas e práticas atualizadas. Também não é tarefa fácil porque pressupõe decisões arbitrárias em um contexto de decisão colegiada: em uma escola, todos querem “se sentir donos” do currículo, mas cada profissional conta com bagagens muito diferentes entre si, às vezes com importantes lacunas conceituais, o que pode limitar sua contribuição.

Da mesma forma que, em qualquer instituição, o planejamento estratégico não é uma obra do coletivo, mas de suas lideranças, a responsabilidade de escrever um currículo não deve ser compartilhada entre todos os profissionais de uma escola (ou, no caso da BNC do Brasil, com 10 milhões de profissionais da educação). A sua boa implementação, incluindo sugestões de como fazê-lo da melhor maneira, sim.

Por uma série de razões históricas, políticas e contextuais, no Brasil ainda é comum confundir regras e parâmetros com entulho autoritário – o currículo engessa o professor; o regimento da escola é solenemente ignorado. Quando a sociedade brasileira percebe que ficou para trás, é chegada a hora de recuperar estruturas muito básicas de organização institucional escolar e o currículo é talvez a mais importante delas.

Como não só ignoramos, como menosprezamos o currículo durante tempo demais, agora é preciso recuperar o tempo perdido se apropriando de conceitos, práticas e teorias que embasam os documentos curriculares de países desenvolvidos. 

O estudo dos erros sistemáticos observados em currículos brasileiros nos aponta que há um caminho íngreme a ser vencido, de preferência em um curto espaço de tempo. O objetivo deste workshop é apresentar um mapa inicial das principais armadilhas a evitar.

Palestrante: Ilona Becskeházy

Mestre em Educação Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, tendo estudado o processo de municipalização do ensino no Estado de São Paulo. É Doutoranda na Faculdade de Educação da USP, na área de Estado, Sociedade e Educação, estudando a rede municipal de educação da cidade de Sobral, no Ceará. Desde 2008, vem estudando com mais detalhe as políticas públicas que exercem mais influência na qualidade da experiência educacional dos alunos das redes públicas, como material estruturado, formação docente e currículo. Analisou em profundidade, sob uma perspectiva comparada nacional e internacional, o currículo de Língua Portuguesa apresentado pelo MEC para a Base Nacional Comum, atualmente em elaboração. Entre 1996 e 2011, dirigiu importantes instituições sem fins lucrativos na área de educação: a Fundação Estudar, que concede bolsas de estudos na graduação e pós-graduação a alunos com alto potencial profissional; o ISMART, que concede bolsas para a educação básica para alunos de baixa renda e alto potencial acadêmico; e a Fundação Lemann que atuava na formação de gestores escolares da rede pública e no estudo de políticas públicas educacionais. Sua experiência anterior é na iniciativa privada.