Cena do filme O Mercador de Veneza, com Al Pacino
Cena do filme O Mercador de Veneza, com Al Pacino. Foto de divulgação ©

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A  peça O Mercador de Veneza foi escrita há mais de quatro séculos, mas ainda coloca em cena temas que permanecem relevantes, como discriminação racial, intolerância e violência. A trama é repleta de passagens que evocam uma reflexão sobre identidade e igualdade, como o famoso discurso do personagem Shylock.

Sou um judeu. Então um judeu não possui olhos? Um judeu não possui mãos, órgãos, dimensões, sentidos, afeições, paixões? Não é alimentado pelos mesmos alimentos, ferido com as mesmas armas, sujeito às mesmas doenças, curado pelos mesmos meios, aquecido e esfriado pelo mesmo verão e pelo mesmo inverno que um cristão? Se nos picais, não sangramos? Se nos fazeis cócegas, não rimos? Se nos envenenais, não morremos? E se vós nos ultrajais, não nos vingamos?

A leitura desse trecho pode ser um ponto de partida para uma reflexão sobre o preconceito. Será que vivemos em uma sociedade mais igualitária do que a de Shakespeare?

Na peça, o nobre Bassânio está falido e precisa de dinheiro para viajar e conquistar Pórcia, uma rica e bela herdeira.  A fim de ajudar o amigo, o comerciante Antônio pede um empréstimo a Shylock, um agiota judeu. Shylock aceita fazer o acordo, desde que os rapazes concordem com uma proposta insólita: se o pagamento não acontecer como combinado, Antônio terá de quitar a dívida com uma libra de carne do próprio corpo! É que Shylock vê nessa negociação a chance de se vingar de Antônio, que várias vezes o ofendera por sua origem judaica. Como o mercador não consegue honrar seu compromisso, o caso vai parar no tribunal. Para defender Antônio, Pórcia se disfarça de advogado e acaba encontrando uma solução surpreendente!

O Mercador de Veneza também é um bom gancho para tratar de outras questões, como vingança, amizade, interesse, tolerância religiosa e feminismo. O desprezo de Antônio por Shylock é compreensível? O desejo de vingança do judeu é justificável? E o objetivo de Bassânio de se casar com uma mulher rica é digno? 

Pórcia desempenha um papel-chave na trama, mas precisa se passar por homem. E hoje? Qual o papel da mulher na sociedade? As conquistas femininas são iguais em toda parte?

O filme homônimo é uma opção interessante para apresentar a história à classe. Ele traz ótimas atuações de Al Pacino e Jeremy Irons nos papéis de Shylock e Antônio, respectivamente.