Leinimar Pires: "Repensar espaços educativos e de produção do saber"
Já é um desafio fazer ciência no Brasil, porque poucas pessoas têm acesso ao ensino superior, onde a pesquisa científica é de fato desenvolvida. No caso específico das mulheres, há uma questão estrutural da sociedade que as afasta dos espaços externos à casa. Muitas vezes, ter um filho é um dificultador até para uma mulher que já tem uma vida científica minimamente estabilizada. Dentro dos próprios cursos ligados à ciência e à produção de conhecimento, de acordo com as estatísticas, o número de mulheres geralmente é menor que o de homens. Precisamos, primeiro, pensar o acesso à educação. E depois, ter políticas específicas para que as mulheres acessem os espaços científicos de produção do saber, permaneçam neles e tenham seus trabalhos concluídos. É importante persistir e resistir, porque não podemos ter campos que sejam dominados exclusivamente por alguns sujeitos. As mulheres precisam ter o seu espaço de produção do saber, assim como a socialização e a divulgação do seu trabalho. Isso vale também para as mulheres negras e indígenas, que também devem ter o seu espaço de produção reservado, para que tenhamos acesso ao maior número possível de discussões e saberes para a resolução de problemas.