Relatório da UNESCO, realizado em parceria com o British Council, aponta uma equação desequilibrada da participação das mulheres na ciência.
O relatório "Uma equação desequilibrada: participação crescente de Mulheres em STEM na ALC (América Latina e Caribe)", de 2021, é uma extensa análise sobre a desigualdade de gênero na ciência, na tecnologia, na engenharia e na matemática.
O estudo foi encomendado ao Technopolis Group, com a participação de Gloria Bonder, coordenadora da Cátedra Regional da UNESCO para Mulheres, Ciência e Tecnologia na América Latina e contribuição do Banco Mundial.
Equidade de gênero em STEM: um longo caminho a percorrer
Estima-se que apenas uma mulher para cada quatro homens, consiga um emprego na área de STEM. As disparidades de gênero na ciência contribuem significativamente com a desigualdade econômica na sociedade.
Apesar dos desafios para aumentar a representatividade feminina em STEM, ainda existem lacunas em diferentes níveis de educação e progressão de carreira em quase todos os países do mundo. Essas falhas podem ser observadas em todas as fases do ciclo de vida de meninas e mulheres, desde a escola primária até em altos cargos no campo científico.
Os desafios familiares e a falta de incentivo à pesquisa
Por meio da influência familiar, as meninas e as mulheres são conduzidas a fazer escolhas dentro de padrões definidos para elas, inclusive na escolha da carreira profissional.
A concentração feminina e masculina em determinados tipos de carreiras, faz com que as mulheres tenham menos oportunidades profissionais, este fenômeno é chamado de segregação horizontal, também conhecido como segregação ocupacional.
O preconceito de gênero veiculado nas famílias, nas escolas e na mídia, tende a desencorajar as meninas a especializarem-se em STEM. Por exemplo, os modelos de brinquedos, leituras, filmes e outras práticas culturais estão relacionados a papéis de gênero socialmente estabelecidos. Um dos costumes frequentes é o desinteresse pelos jogos tecnológicos, que é considerado um hábito masculino.
Na vida adulta, apesar de algumas melhorias na divisão do trabalho doméstico, as mulheres ainda assumem a principal responsabilidade pelas tarefas do lar.
As fortes expectativas sociais sobre o momento certo para constituir uma família também influenciam nas escolhas das mulheres, além das decisões biológicas sobre a maternidade.
Mesmo exercendo atividades produtivas, as mulheres têm menos reconhecimento e são desencorajadas profissionalmente e intelectualmente.
O termo segregação vertical descreve o domínio dos homens nos empregos de maior status, este efeito impede as mulheres de atingir níveis de igualdade de hierarquia, qualificação e remuneração.
Os fatores gerais que impedem meninas e mulheres de seguirem carreiras na ciência
- A falta de conscientização entre as gerações mais jovens, particularmente as meninas, sobre o potencial dos estudos STEM;
- A carência de informação geral na sociedade sobre as próprias carreiras em STEM, que tendem a ser consideradas especializações mais difíceis;
- A ausência de pedagogia e de ferramentas, bem como de infraestrutura, que afetam a maioria das escolas públicas e privadas, especialmente aquelas localizadas longe dos centros urbanos e culturais;
- A pobreza persistente e a alta desigualdade socioeconômica;
- Os fatores de interseccionalidade e classe afetam meninas e mulheres de diferentes maneiras, aumentando os níveis de discriminação desde a sala de aula e continuando ao longo da carreira acadêmica;
- O sexismo na sociedade e, particularmente, no ensino superior, dificulta a progressão de mulheres estudantes em disciplinas STEM e afeta o acesso à cargos de chefia e liderança;
- A falta de modelos femininos para mudar os estereótipos e aumentar o interesse em STEM, principalmente entre os mais jovens, e outros.
Os projetos de inclusão das mulheres em STEM do British Council
Os programas do British Council visam promover uma ciência mais diversificada, aumentar a presença de meninas em STEM e apoiar mulheres cientistas. Para enfrentar esses desafios, adotamos uma abordagem de ciclo de vida, com iniciativas voltadas para as meninas até as pesquisadoras experientes. Conheça as nossas iniciativas:
- Garotas STEM
- Treinamento Mulheres em Tech – Lideranças Inclusivas
- British Council scholarships for women in STEM
- Podcast Women in Science
- Revista Mulheres na Ciência
E não esqueça de conferir abaixo o relatório completo da UNESCO, realizado em parceria com o British Council, sobre a desigualdade de gênero nas áreas de STEM.